sábado, 2 de outubro de 2010

Quociente eleitoral favorece "fenômeno Tiririca"; entenda como funciona

Com o slogan "pior que tá não fica", o palhaço Tiririca é a aposta do PR para as eleições parlamentares deste ano no Estado de São Paulo. Apesar da polêmica - e dos risos - que seus bordões vêm despertando no horário eleitoral, a presença do humorista na campanha obedece a uma lógica simples: conquistar o maior número de votos possíveis para que eleger a si mesmo e a outros candidatos por meio do quociente eleitoral.

O cientista Rubens Figueiredo, da USP (Universidade de São Paulo), explica como funciona:
"O Estado de São Paulo tem 70 deputados federais. Vamos supor que São Paulo tenha 700 mil votos. Dividindo 700 mil por 70, o quoeficiente seria de 10 mil. O partido vai ter 30 candidatos: soma a votação de todos mais os votos na legenda. Vamos supor que deu 22 mil. Agora divida 22 mil por 10 mil - vai dar 2,2. O partido vai eleger dois deputados", detalha.

Num dos casos mais curiosos, a vaga de Clodovil Hernandes (PTC-SP) na Câmara Federal foi ocupada por Paes de Lira (PTC), coronel da reserva da Polícia Militar, assumidamente conservador e contrário à união homossexual ("a Constituição é clara ao dizer que casamento é entre homem e mulher", afirmou).
Homossexual assumido, o estilista Clodovil, que faleceu no início de 2009, foi eleito com quase 500 mil votos nas eleições de 2006, abrindo as portas para que Lira chegasse a sua suplência após ter recebido cerca de 7 mil votos. "Você tem essa possibilidade de a locomotiva se eleger arrastando o restante", afirma o cientista político David Fleischer, da UnB (Universidade de Brasília).


"O Tiririca [humorista, candidato a deputado federal em São Paulo] é do PR, que era o PL do Valdemar Costa Neto", diz Figueiredo.  Dependendo da votação do humorista, Costa Neto, que renunciou em 2006 para escapar de cassação por envolvimento no escândalo do "mensalão", pode ser eleito a tiracolo.


Em outro caso emblemático, o cardiologista Éneas Carneiro elegeu-se deputado federal pelo Prona de São Paulo em 2002. Recorrendo ao bordão "Meu nome é Enéas", obteve votos suficientes para eleger outros cinco candidatos, todos com votações inexpressivas.

 

 

http://eleicoes.uol.com.br/2010/ultimas-noticias/2010/09/19/quociente-eleitoral-favorece-fenomeno-tiririca-entenda-como-funciona.jhtm

Nenhum comentário:

Postar um comentário