terça-feira, 31 de agosto de 2010

Após retirada do Iraque, EUA acumulam soldados mutilados e com traumas psicológicos

DA EFE, EM WASHINGTON

Após mais de sete anos de conflito, os EUA encerram nesta terça-feira (31) sua missão de combate no Iraque, passando a enfrentar um grande desafio interno: atender aos milhares de soldados que devem retornar ao país mutilados, com traumas psicológicos e que perderam seus empregos.

A campanha do Iraque tornou-se a guerra mais longa da história dos EUA, e uma das que teve maior custo econômico e humano, somando quase US$ 900 bilhões investidos e 4,2 mil soldados mortos.

O presidente americano, Barack Obama, fará um anúncio na terça-feira às 21h (horário de Brasília), para anunciar o fim da guerra, embora cerca de 50 mil soldados integrando uma força de transição deverão permanecer no Iraque.

"Nenhum soldado volta da guerra sendo a mesma pessoa que saiu de casa. Sempre retornam diferentes, raras vezes para melhor, e muitas famílias não os reconhecem", disse o presidente do grupo Veteranos pela Paz, Mike Ferner.

"Os homens e mulheres que voltam da guerra, mesmo que não tenham problemas de saúde, têm enormes dificuldades para encontrar trabalho, ainda mais na atual situação econômica", apontou.

PROBLEMAS MENTAIS GRAVES

Nos últimos sete anos, quase 1,5 milhão de homens e mulheres serviram nesta guerra que, em seus momentos de maior intensidade, chegou a ter deslocados 171 mil soldados. Cerca de 30 mil retornaram com ferimentos físicos e lesões psicológicas.

Por isso, os veteranos esperam que Obama, como fez em seu discurso por rádio no sábado, se comprometa amanhã a colocar todos os recursos disponíveis para evitar que os veteranos fiquem à margem da sociedade.

No sábado, Obama reconheceu que o maior problema são os soldados que sofrem lesões cerebrais e estresse pós-traumático (PTSD, na sigla em inglês), dado que "poucos recebem o diagnóstico e cuidados adequados".

Mas "estamos mudando isso", disse Obama, ao lembrar que o governo está investindo recursos no tratamento e atenção dos doentes e em tratamentos para reduzir a alta taxa de suicídios.

[Junho foi o mês mais cruel: suicidaram-se 32 soldados, um número superior ao de qualquer mês da guerra do Vietnã.
Onze não estavam em atividade e sete dos restantes cumpriam serviço militar no Iraque e/ou Afeganistão.
São cifras oficiais (
www.defense.gov, em 15/07/2010).
Em 2009 245 efetivos ceifaram suas próprias vidas e a cifra este ano pode ser superada:
145 se suicidaram no primeiro semestre e 1713 tentaram-no, sem êxito.]


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