quinta-feira, 12 de julho de 2012

ELIZABETH I, JOHN DEE E A ELETIVA REAL

Pesquisa de OTÁVIO AZEVEDO



"O filme "Elizabeth", de 1998, é uma epopéia histórica que descreve as intrigas internacionais e pessoais que rondaram o trono inglês no Século XVI, no reinado de Elizabeth I – conhecida como a "Rainha Virgem" (e era mesmo do signo de Virgem).

 Elizabeth I é considerada até hoje o melhor regente entre os reis e rainhas da Inglaterra. Coroada entre o caos financeiro e civil do seu país, a única herdeira sobrevivente de Henrique VIII e Ana Bolena aprendeu logo que para sobreviver - política e pessoalmente - ela teria que matar ou morrer.

Determinada a proteger a si própria e ao seu país a qualquer preço, Elizabeth I foi forçada a se transformar de uma inocente princesa na inconquistável "Rainha Virgem". Elizabeth I, a última dos Tudors, morreu aos setenta anos de idade, depois de um reinado próspero de quarenta e cinco anos.

No entanto, o que pouca gente sabe é que Elizabeth I tinha um astrólogo conselheiro e confidente - John Dee - também versado nas artes da alquimia e do ocultismo. 

Foi John Dee que escolheu o momento da sua coroação, aos 25 anos. O mapa da coroação, escolhido por Dee, é considerado por muitos estudiosos como o melhor trabalho de Astrologia Eletiva (ramo da Astrologia onde o astrólogo escolhe dia e hora para um acontecimento importante) que se tem notícia.

De fato, esta eletiva de John Dee para Elizabeth I apresenta requintes de genialidade associados a um profundo conhecimento de astrologia e astronomia.

Dee jogou com o mapa da Rainha, com o mapa da hora escolhida e ainda levou em conta circunstâncias astronômicas que envolviam os planetas protagonistas em ação. O resultado alcançado, aparentemente simples, decorreu também do acaso ter propiciado um dia onde tais possibilidades se apresentavam combinadas.




O mapa eletivo da "Coroação de Elizabeth I" pode ser comparado – no mundo do Xadrez – às célebres partidas de Paul Morphy: 
Dee arrisca num dia de Marte em oposição à Saturno, com Júpiter em quadratura a estes planetas na ponta de um T-Square. 

Por outro lado, fortalece posições de sustentação do mapa da futura rainha. Joga basicamente com Sol, Lua, Vênus e Júpiter para conseguir um resultado quase perfeito. 

No Xadrez equivaleria ao sacrifício da dama a fim de abrir caminho para um cheque-mate genial alguns lances após.
Portanto, a história de Elizabeth I é também o universo onde se desenvolverá o trabalho de um dos astrólogos mais criativos que existiram, numa época onde ainda não se conheciam os planetas transaturninos – Urano, Netuno e Plutão.

O REINADO DE ELIZABETH


Elizabeth I (também conhecida por Isabel I) nasceu em 07/09/1533, às 14h54 LMT em Greenwhich, England. 

Com Sol em Virgem, Lua em Touro e Ascendente Capricórnio, os principais pontos do horóscopo da rainha encontram-se no elemento Terra. 

Embora tenha tido muitas propostas de casamento e namorado bastante, ela nunca casou nem teve filhos. 

A contraditória conjunção Saturno-Urano na Casa-7 certamente está por detrás deste fato.

Elizabeth I herdou um reino destroçado: a luta entre católicos e protestantes minara os pilares da sociedade inglesa; o tesouro real tinha sido sangrado pela antecessora, Maria I, filha de Henrique VIII e Catarina de Aragão, sua meia-irmã mais velha. Uma vez entronada, Elizabeth I defendeu firmemente o trono inglês contra a política da França e de Espanha. Soube jogar com ambas as potências, colocá-las em confrontação, e quando conseguiu que o país atingisse uma posição firme arriscou-se a declarar abertamente guerra à Espanha.



Seu equilíbrio diplomático era reflexo de um equilíbrio interno religioso. Evitando igualmente o protestantismo apaixonado do reinado de Eduardo VI e o catolicismo conservador que sua irmã Maria I tentara impor ao país, Elizabeth I estabeleceu uma igreja anglicana independente, que não devia obediência nem a Roma nem ao protestantismo extremista das Igrejas Luterana e Calvinista da Europa. A principal função dessa igreja era proteger a autoridade da Coroa. Auxiliada por ela, Elizabeth I alcançou um controle sem precedentes sobre o país.
As obras de Shakespeare e de contemporâneos seus, como Christopher Marlowe e Ben Jonson, tornaram este período a era mais gloriosa da literatura inglesa. 

O renascimento cultural da Inglaterra de Elizabeth I, assinalado por um grande incremento da educação e da erudição, concretizou-se no alargamento de horizontes, tanto geográficos como intelectuais, que se iniciara na Europa durante a Renascença,no século anterior.

O MAPA ELETIVO








Elizabeth subiu ao trono na morte da sua irmã Maria I, provavelmente de Câncer, em novembro de 1558.

 No rígido protocolo inglês, a coroação de um novo soberano segue-se à sua ascensão ao trono, depois de um intervalo apropriado. A cerimônia permanece essencialmente a mesma há mais de mil anos, ocorrendo por volta do meio-dia. 

Durante os últimos 900 anos, a coroação tem acontecido na Abadia de Westminster.
Elizabeth I tinha em John Dee um confidente íntimo e buscava seu conselho tanto em assuntos de Estado quanto pessoais. Toda saga do seu bem sucedido reinado iniciou-se com o trabalho eletivo de John Dee, que escolheu o momento de sua coroação.

Nicholas Campion, conhecido astrólogo inglês, comenta o mapa da coroação elaborado por John Dee:
"O horóscopo da coroação se preparou de tal forma que o mapa eletivo tivesse Vênus e Júpiter (os dois benéficos) e Sol e Lua (os Luminares), 
fazendo aspectos harmoniosos para o Sol, Vênus e Júpiter do mapa natal de Elizabeth I".



Campion se refere ao "jogo" elaborado por Dee, envolvendo o mapa eletivo e os planetas natais de Elizabeth I, em especial os luminares (Sol e Lua) e os benéficos (Júpiter e Vênus). Júpiter, no mapa de Elizabeth I, era o planeta que recebia os melhores aspectos no mapa da coroação. Acresce que no próprio mapa eletivo encontramos um harmonioso sextil entre Lua e Júpiter, formando uma magnífica base de sustentação para Júpiter natal da rainha inglesa.


Como requinte final, Dee conseguiu um esquema onde Júpiter e Vênus funcionam como "arautos" solares, um se pondo em seguida ao Sol (Júpiter) e outro nascendo imediatamente antes do Sol (Vênus).
Não foi à toa que a rainha conseguiu uma imensa ajuda dos meios religiosos e seu governo foi a época culturalmente mais profícua da Inglaterra. E também não foi por acaso que teve o melhor grupo de conselheiros em todos os setores do seu governo, incluindo o próprio John Dee, que ao longo de todo seu reinado sempre souberam lhe aconselhar sabiamente. Coisas de Júpiter."

Otávio Azevedo





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