Página 66: A frente unida contra o Irão
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A maioria dos Europeus, Asiáticos e do público do Médio Oriente é firmemente contrária a qualquer acção militar dos EUA contra o Irão, que possa resultar das diferenças entre o Irão e a comunidade internacional, independentemente daquelas entre o Irão e os Estados Unidos.
Sem um 11 de Setembro patrocinado por Teheran, é difícil imaginar o que poderia fazer mudar as ideias.
Em muitas democracias e algumas débeis autocracias que Washington deve procurar apoiar, essa antipatia do público pode ser decisiva.
Por exemplo, a Arábia Saudita está muito preocupada com os programas nucleares do Irão, assim como com a sua conduta perigosa no Líbano, no Iraque e nos territórios palestinianos. Até agora, Riade deixou claro que não quer apoiar operações militares de qualquer natureza contra o Irão. Tudo isso poderia mudar, mas é difícil imaginar como.
Dado que a situação não permite empurrar o GCC [Conselho de Cooperação dos Estados Árabes do Golfo: reúne Omã, Emirados Árabes Unidos, Arábia Saudita, Qatar, Bahrein e Kuwait, NDT] para apoiar as operações militares contra o Irão, o que poderia conseguir isso?
Certamente o Irão que testa um dispositivo nuclear, mas naquela altura quase certamente seria tarde demais: se os EUA invadirem o Irão, isso deverá ser feito antes do Irão possuir armas nucleares, não depois.
É difícil saber o que poderia fazer o Irão caso os novos leaders não conseguissem tomar o poder nos Países do Golfo, (leaders) que estariam muito mais propensos a travar o Irão de quanto não aconteça com os de hoje no poder.
Estes dois parágrafos deveriam ser incluídos em qualquer manual escolar, de cada ciclo; as crianças deveriam ser obrigadas a aprender isso, palavra após palavra, de cor, mesmo sem poder perceber o sentido. Um dia teriam a capacidade de perceber e entender assim como funciona o Mundo.
Porque nestes dois parágrafos está tudo.
O 11 de Setembro
Mas qual mente contorcida e doentia pode fazer votos para que haja um próximo 11 de Setembro?
Resposta: quem já organizou o primeiro 11 de Setembro. E não vale a pena acrescentar mais nada.
A invasão do Irão
Este é o futuro e não é possível haver dúvidas: o Irão será invadido. Não importa qual a atitude do Irão. Será invadido e ponto final.
A política dos Estados Unidos
Os EUA apoiam Países fracos, para os quais é evidente o desprezo que transparece das palavras. "Autocracias" é o termo utilizado, uma maneira elegante para dizer que Washington apoia pequenas ditaduras ou monarquias apodrecidas (ver Arábia Saudita) apenas por meras questões de conveniência.
Não é uma novidade, mas faz bem lembrar isso de vez em quando.
As revoltas "populares"
Mas a parte melhor, a meu ver, é a última. Reparem: os Estados Unidos ainda não sabem quem tomará o poder nos Países do Médio Oriente que enfrentam revoltas "populares" e "espontâneas".
Mas já sabem que os futuros leaders (porque as revoltas conseguirão o sucesso, claro) serão muito mais dispostos a uma intervenção militar no Irão.
Palavras para quê?
Eu acho que estamos perante um pedaço de História, que vale mais de mil livros de geopolítica.
Excerto do artigoVisões do futuro: A Estrada da Pérsia - Parte II
26 de Maio de 2011